Assim é a vida: feita de percursos como o que fizemos até Fátima, este Sábado, na berma nem sempre suave da estrada que escolhemos e por vezes arriscando atalhos pedregosos. Sabemos ao que vamos, como vamos e porque vamos…Mas não sabemos nunca o que enfrentamos na jornada e como resistiremos.
Partimos entusiasmados e é ainda quando estamos “frescos” que superamos os trilhos pela serra, com o piso irregular e o declive acentuado, compensados pelas pausas “higiénicas” e os cafés, as conversas e os silêncios, e a beleza da paisagem que favorece as meditações e as orações. O almoço convivial dá-nos a ilusão de algum descanso…
Enfrentamos então a segunda “metade” da jornada. À meditação dos “passos do teu rosário” cada um acrescentou as suas ofertas e pedidos, orações e devoções pessoais, encontrando forças para resistir. Mesmo que a distância fosse matematicamente igual à primeira, esta “metade” que resta de cada um de nós é que já não é a mesma: o entusiasmo inicial é posto à prova à medida que o calor dilata a distância que falta percorrer, que cada curva ao longe nos revela uma nova curva ao longe, e a cada lomba vencida se afasta o horizonte que tanto desejamos. Debaixo de um sol inclemente dou por mim a ter saudades do dilúvio que foi constante no ano passado e a arrepender-me de tanto dele me ter queixado…Nunca pensei desistir… Mas pensei que não ia conseguir…
Fui parando ”por conta própria”, e a cada vez ficando mais para trás. E a cada vez alguém surgia ao meu lado, emparelhando o passo, conversando naturalmente e alegremente me alheando das minhas pernas doridas que continuavam em piloto automático desobedecendo a todas as ordens disparadas do meu cérebro… (a Senhora não seria, provavelmente, mas anjos eram com certeza!...) E assim, atrasados, cansados, amparados…
chegámos! Depositámos preces, demos graças, queimámos velas por intenções, chorámos lágrimas impossíveis de conter…Ali, como na vida…
E na vida, atrasados, cansados, amparados, um dia chegaremos…
Obrigada por fazerem o caminho comigo!